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01/04/2019





Apesar da proibição do presidente da Câmara, Bolsonaro tenta homenagear 50 anos do golpe militar

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Do Globo de 1º de abril de 2014 Por Evandro Éboli e Washington Luiz BRASÍLIA - A sessão da Câmara para relembrar os 50 anos do golpe militar terminou em tumulto, bate-boca e com a reunião suspensa pelo presidente da cerimônia, deputado Amir Lando (PMDB-RO). Parlamentares e manifestantes contrários ao golpe protestaram nesta terça-feira quando o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) iria começar seu discurso, de 17 minutos. Os contrários ao Bolsonaro viraram de costas para o orador, com cartazes em punho e cantaram o Hino Nacional e o chamavam de ditador. Antes disso, Bolsonaro criou confusão ao tentar abrir em plenário uma faixa enorme, de 20 metros, com os dizeres: "Parabéns militares, graça a vocês o Brasil não é Cuba". Seus assessores levaram a faixa para a galeria e a estenderam, mas por pouco tempo. Protesto e vaias fizeram com que Lando determinasse a retirada da mensagem. Antes de encerrar a sessão, Lando tentou convencer os que protestavam contra Bolsonaro ou virar de frente para o orador ou deixar o plenário. Ele não admitiria, como não aceita o regimento da Casa, esse tipo de manifestação, ou seja, ficar de costas para quem está na tribuna falando. "Não vou aceitar isso. É um desrespeito. Vocês que lutaram pela democracia fazendo uma coisa dessas. Sei bem o que é ser um democrata", disse Amir Lando, exaltado. Foi o secretário-geral da Mesa, Mozart Viana, regimento em punho, quem orientou Amir Lando a encerrar a sessão por haver uma situação inadequada no plenário. "Houve um comportamento inadequado e desrespeitoso quando deputados e convidados da primeira e segunda bancada viraram de costas para o orador na tribuna. Nessa caso não é só um desrespeito ao parlamente, é um desrespeito à instituição, à mesa diretora e à democracia. É antidemocrático, permitiu-se acesso à sessão e as pessoas entram em plenário e viram de costas para o orador? Por isso, a sessão teve que ser encerrada", explicou Viana. Bolsonaro até tentou convencer Lando a deixá-lo falar mesmo com os presentes de costas para ele. "Não tem problema. Eles vão ouvir umas verdades do mesmo jeito. Vou torturá-los daqui", disse Bolsonaro, que nem começou a ler seu discurso. Ele estava em mãos, com um exemplar do livro "A verdade sufocada", de autoria do coronel Carlos Brilhante Ustra, que comandou o Doi-Codi em São Paulo e é acusado por ex-militantes políticos de cometer crimes contra presos políticos. Apenas quatro deputados discursaram, entre os quais Luiza Erundina, que defendeu a revisão da Lei de Anistia. Marcada para começar às 09:30h, a sessão só teve início quase às 11hs. O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), abriu a sessão e, em seu discurso, sem citar o nome de Bolsonaro, afirmou que não aceitaria qualquer homenagem que lembrasse os responsáveis pela ditadura. Mas, depois que discursou, deixou a presidência afirmando que precisava seguir para posse de ministros, e a confusão aconteceu. "Não será admitida nesta sessão nenhum gesto de legitimação do regime autoritário de 64", discursou Eduardo Alves. Com o anúncio da suspensão, os opositores da ditadura comemoraram o fato de Bolsonaro não ter discursado. Confusão para acesso A sessão começou somente depois que Henrique Alves liberou o acesso às galerias. Inicialmente, foram distribuídas 100 senhas para as lideranças dos partidos, o que causou irritação dos parlamentares com as medidas de restrição. O líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ) chegou a discutir com os seguranças. O parlamentar tentou entrar com quatro convidados, mas foi barrado. O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) também ficou indignado. "Isso aqui virou sessão da ditadura. Os seguranças estão parecendo os macacos da ditadura. Vou questionar o presidente da Câmara (deputado Henrique Alves) sobre esta decisão. Estamos em plena democracia vivendo momentos de repressão", disse o petista. O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) chegou a pedir, só para distribuição em seu gabinete, de duzentas senhas, mas foi negado pela presidência da Casa. Bolsonaro se irritou com as perguntas de uma repórter e disse que não responderia mais seus questionamentos. "Você está censurada!", afirmou o parlamentar.

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