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22/06/2013





#opovoquerfalar: 'Revolta sem líderes - Uma lição do passado', por Renato C. Lima

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#opovoquerfalar De Renato C. Lima Filho, sobre o Brasil-história, de ontem e de hoje:  

Revolta sem líderes - Uma lição do passado

O passado sempre nos reserva lições para as novidades de hoje, estamos nas últimas semanas vivendo história em seu estado bruto, analises diversas surgem, alimentadas por ideologias e percepções pessoais sem que ninguém chegue a um diagnóstico único, de fato o movimento é difuso, complexo e sem líderes marcantes, entretanto não foi a primeira vez em que ocorreu uma manifestação com essa característica no Brasil. Em 31 de outubro de 1874, na Vila de Ingá, Paraíba ocorreu uma manifestação, com muitas similaridades a que hoje vivemos, ficou conhecida como “A Revolta do Quebra-Quilos” que se espalhou por boa parte do nordeste e somente em janeiro de 1875 que o governo Imperial conseguiu sufocar o movimento.   Para situar o cenário que motivou a revolta popular no contexto daquela época e já fazendo uma analogia aos dias atuais, entendam que o camponês nordestino no passado do Brasil imperial já sofria, como sofre hoje e a história se repete, com altos impostos cobrados e pela discrepante concentração de renda e de propriedades rurais provocando um desequilíbrio social como podemos observar em um trecho de um relatório enviado pelo então Governador Diogo Velho Cavalcante de Albuquerque à Assembléia Provincial: “Realmente, há uma parte de nossa população profundamente desmoralizada, perdida até, mas resta uma grande massa, donde podem sair braços úteis. Que garantias, porém, acha esta para seus direitos, que segurança para os serviços que presta, que incentivo para preservar nas boas práticas? A constituição de nossa propriedade territorial, enfeudando vastíssimas fazendas nas mãos do privilegiados da fortuna, só por exceção permite ao pobre a posse e o domínio de alguns palmos de terra. Em regra, ele é rendeiro, agregado, camarada ou o que quer que seja; e então a sua sorte é quase um antigo servo de gleba” Como percebemos as semelhanças são incríveis e não param por ai, naquela época o Brasil também vivia uma crise econômica pela queda dos preços do açúcar e do algodão no mercado exterior.   E como hoje, o governo daquela época invés de cortar gastos, aumentou despesas e inchou a máquina pública, houve também uma multiplicação de coletorias, visando aumentar a cobrança de impostos. De fato a arrecadação bateu recorde, como acontece hoje, mas também, não diferente, aumentaram as insatisfações das pessoas. Meus amigos, quando me atentei por reler sobre a “Revolta do Quebra-Quilos” já imaginava encontrar uma ou outra similaridade, contudo ao pesquisar encontrei praticamente todos os elementos que testemunhamos hoje na “Revolta dos Vinte Centavos” e seu estopim nos leva a uma inusitada coincidência, ambas baseadas numa insatisfação prática, básica e cotidiana. Se na “Revolta dos Vinte Centavos” foi o aumento da tarifa do transporte coletivo, na “Revolta do Quebra-Quilos” foi a mudança pelo Império do sistema de peso e medida, ou seja, na intenção de regular melhor a cobrança de impostos instituiu a obrigação de balança, antes as mercadorias eram medidas em palmos, jardas, polegadas ou côvados, e o peso calculado em libras e arrobas. Naquela época, como hoje, a gota d’água que entornou o caldo das insatisfações foi simples e em ambas a inexistências de líderes foi uma característica, lembrem que naquela época as distancias eram maiores e obviamente não havia twitter, instagram e facebook e aquela revolta como essa se espalharam como pólvora com viés de vandalismos e quebradeira.   Aquela revolta foi reprimida pelo Império, mas a insatisfação não se reprime, as idéias permanecem e quatorze anos depois, precisamente em 15 de novembro de 1889 foi proclamando a República e a renovação da esperança. Hoje, estamos vivendo ou revivendo a mesma oportunidade, o sistema “não nos representa mais”, como ficou comum dizer em qualquer roda de amigos, familiares, redes sociais e como a outra, essa é uma revolta sem líderes, logo não somos massa de manobra e como os brasileiros do passado podemos um dia conquistar uma nova república, mais democrática, mais igualitária para todos nós e para os que ainda nascerão e ai sim em berço esplendido. Fica então uma homenagem ao passado e um vate ao futuro de todos nós, viva o Brasil! “Sou quebra-quilos encoletado em couro Por vil desdouro me trouxe aqui A bofetada minha face mancha À corda, à prancha me afligir senti (...)E ao quebra-quilos desonrado, louco É tudo pouco quanto a infâmia faz; Se aqui contempla da família o roubo, Ali, no dobro, o flagelam mais (...)" Renato Cunha Lima Filho

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